Fundamentos
Ético-Políticos da Educação no Brasil de Hoje
A
educação é compreendida como um processo próprio do ser humano que ocorre por
meio de reprodução (imitação) em ocasiões informais, na interação social e de
maneira formal, intencional e planejada nas escolas e instituições de ensino. A
educação, portanto, é um conjunto de signos intencionais apropriados por um
processo subjetivo, objetivada por contextos do meio físico e sócio-cultural.
Os fundamentos ético-políticos da educação assumem a educação como condição de
prática humana intervencionista, intencional, eficiente e histórico-social,
constituídas por ações que visem à transformação social. Esta educação como
prática histórico-social não se fundamenta no modelo técnico manipulativo, pois
tal educação é mediadora da prática produtiva política e cultural da sociedade.
O homem é um ser em constante transformação e se constrói por meio da prática,
na sua relação com a natureza por meio do trabalho e na relação com seus
iguais. O homem como ser subjetivo possui uma moral que avalia suas ações, com
valores impostos pelo meio sócio-cultural.
No
histórico da educação brasileira apresentado pelo autor nos períodos do Brasil
Colônia e Império a educação seguia a concepção escolástica de formação humana,
fundamentada no ideário Católico (jesuítas), com fins evangelizadores,
reprodutores da ideologia dominante nos moldes europeus. A ética era voltada à
moral individual formadora e garantidora da moral coletiva.
Com
o capitalismo emerge a burguesia urbano-industrial, com a divisão de classes:
burguesia e proletariado, com fortes alterações do perfil político-social do
país, a educação tem por finalidade formar trabalhadores para as indústrias e
serviços, a nova hegemonia com valores iluministas e liberais, o ideário
burguês laico, modernizador fundado na ciência, tendo a educação como meio de
propagação da ideologia liberal como universal. Após 1964 a educação é
instrumentalista, alicerçada no positivismo e organizada em função do
crescimento econômico do país.
Com
a ideologia econômica de liberação total das forças de mercado, do livre
comércio, estabilização macroeconômica, reformas estruturais e crítica ao
Estado do Bem-Estar-Social, surge uma nova reorganização do capitalismo, o
Neoliberalismo. No neoliberalismo a orientação do comportamento social perde
suas referências ético-políticas, desacreditando a educação, manipulando os
valores e critérios, pondo fim as utopias e esperanças de futuro, prevalecendo
os critérios de eficiência e produtividade, opressão da vida social e alienação
cultural. Atuando através dos meios de comunicação em massa no processo
subjetivo do homem, impedindo o exercício de liberdade, fundamentado na
desigualdade, exploração, manipulação e na ilusão de felicidade plena.
O
conhecimento no neoliberalismo passa a ser produto e não processo, seus ideais
educacionais entram em contradição entre a conformação e a alienação cultural
dos sujeitos e o incentivo para que os mesmos sejam agentes de transformação
cultural.
Como
compromisso ético-político da educação o autor concebe que a educação possui a
responsabilidade de construir uma nova sociedade, e para que isso ocorra é
necessário estabelecer três objetivos e ações: Desenvolvimento do conhecimento
científico e tecnológico; Desenvolvimento da sensibilidade ética e estética, a
sensibilidade à vida humana; Desenvolvimento da racionalidade filosófica, ou
seja, a instauração e consolidação da cidadania. Para Severino (2006) o
trabalho degrada o homem, a vida social oprime e a cultura aliena. É preciso
que a educação desvende as ideologias de sua intencionalidade, tornando-se
assim, força de transformação.
A
prática educativa como práxis deve ser um projeto educacional, político da
sociedade e dos projetos pessoais dos sujeitos, dessa maneira cabe à escola
mediar a efetivação da intencionalidade do projeto educacional, por meio da
dimensão política de um projeto social para a emancipação e da ação do educador
e de todos os envolvidos no processo educacional.
Severino
(2006) conclui que: A prática educativa civilizatória contra a dominação deve
apoiar-se no tripé do domínio do saber teórico, na apropriação da técnica e na
sensibilidade política das relações sociais.
REFERÊNCIA:
SEVERINO,
Antônio Joaquim. Fundamentos ético-políticos da educação no Brasil de hoje. In:
Lima, Júlio César França (org.) Fundamentos
da educação escolar do Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Editora
Fiocruz, EPSJV, 2006, p. 289-320.
Roselaine Monteiro dos Santos.
muito bom !
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