quinta-feira, 4 de julho de 2013

PCNs História e Geografia



PCNs História e Geografia
O conteúdo de História faz parte do currículo desde a constituição do Estado brasileiro, predominava o ensino da História Civil articulada à História Sagrada com o intuito de catequizar a população. A partir de 1870 foi criado um programa curricular de História Profana segundo o método da memorização. Ao final do século XIX, as novas propostas educacionais afirmavam que a educação seria a responsável pela transformação do País. A escola elementar seria responsável pela erradicação do analfabetismo, moralização do povo e integração do povo estrangeiro à ideologia nacionalista e elitista. A História tinha a função de modelar o cidadão brasileiro patriótico, a História da Civilização substituiu a História Universal tendo o Estado como agente condutor da sociedade ao estado civilizatório. História Nacional, História Pátria e História da Civilização objetivavam integrar o povo brasileiro à moderna civilização ocidental.
Os conteúdos da História Pátria enfatizavam os feitos gloriosos dos vultos célebres e as tradições do passado. A moral religiosa foi substituída pela moral cívica com o desenvolvimento de práticas, celebrações e cultos aos símbolos e datas comemorativas. Em 1930, após criação do Ministério da Educação e Saúde Pública e Reforma Francisco Campos o ensino de História enfatizava a História Geral, com a industrialização e a urbanização houve a necessidade de conhecer a identidade deste povo brasileiro. Apesar do escolanovismo a metodologia que predominava no ensino de História continuava sendo a memorização.
Após a Segunda Guerra Mundial a História foi considerada disciplina de formação para a paz, passando a Unesco a interferir nas propostas curriculares  e nos livros didáticos, pautando a disciplina em humanismo enfatizando os processos de desenvolvimento econômico das sociedades e os avanços tecnológicos, científicos e culturais.
A proposta era substituir as disciplinas de História e Geografia na educação elementar por Estudos Sociais, com a temática voltada à visão norte-americana em currículos nos quais predominavam o discurso homogêneo de educação para o trabalho. No nível secundário foi proposto o estudo influenciado pela historiografia marxista a História Nova com ênfase nas transformações econômicas e conflitos entre classes. O ensino primário prevalecia conhecimentos históricos das festividades cívicas.
A partir da Lei nº. 5.692/71, no decorrer do período do governo militar foi implantado os Estudos Sociais, que constituía ao lado da disciplina de Educação Moral e Cívica os estudos históricos e geográficos centrados em círculos concêntricos nos quais os estudos deveriam estar vinculados aos estágios de desenvolvimento psicológico do educando.
No decorrer do processo de democratização nos anos 80 os currículos passaram a ser questionado o avanço tecnológico nas comunicações se tornaram canais de informação e formação cultural, discutia-se o retorno da História e da Geografia ao currículo, tendo como temáticas questões ligadas à história cultural, social e o cotidiano, introduzindo a História Crítica com o objetivo de desenvolver atitudes intelectuais e a desmistificação das ideologias, possibilitando a análise da sociedade. O ensino de História foi ampliado a partir da educação infantil e primeiros anos do ensino fundamental, os métodos e livros tradicionais passaram a ser questionados, estando o ensino de História em processo de mudança em seu conteúdo e método.
Aproximando a História das demais ciências sociais em especial a Antropologia ampliou-se os estudos dos povos de todos os continentes, passou-se a considerar outras fontes documentais, possibilitando assim outras concepções de tempo, obtendo o ensino de História uma função relevante na formação do cidadão, nas relações pessoais, na identidade social.
O saber histórico escolar e sua relação com o saber histórico compreende a delimitação de conceitos fundamentais: os fatos históricos que são relacionados aos eventos, festas cívicas, ações e heróis; os sujeitos históricos, personagens que desempenham ações de poder e decisões, ou seja, os agentes de ação social; o tempo histórico pode ser entendido como tempo cronológico, tempo biológico, tempo psicológico interno dos sujeitos e objeto social construído pelos povos. Tais conceitos refletem as concepções de como é a História.
De acordo com os PCNs de História e Geografia, as primeiras tendências de Geografia no Brasil surgiram com a fundação da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo na década de 40. Seu objetivo era abordar as relações do homem com a natureza de maneira objetiva, o estudo da relação homem-natureza, desvinculado da sociedade, foi chamada de Geografia Tradicional os estudos eram pautados na memorização. No decorrer do período pós-guerrra as metodologias e teorias da Geografia Tradicional foram insuficientes para a apreensão das mudanças ocorridas pelo desenvolvimento oriundo do capitalismo. Nos anos 60 surge a Geografia Marxista, a qual não bastava explicar o mundo, era preciso transformá-lo, uma Geografia com conteúdos políticos significativos na formação do cidadão, no entanto as metodologias e livros didáticos conservavam o ensino tradicional, negligenciando a relação homem-sociedade-natureza. Segundo os PCNs o ensino de Geografia pode levar o aluno a compreender a realidade de forma ampla.
A Geografia é dividida em campos do conhecimento da sociedade e da natureza proporcionando um aprofundamento temático de seus objetos de estudo, tal divisão é necessária como recurso didático para distinguir os elementos sociais ou naturais, no entanto é artificial, pois o objetivo da Geografia é explicar e compreender as relações entre a sociedade e a natureza, trabalhando as diferentes noções espaciais, temporais, os fenômenos sociais, culturais e naturais.
O espaço geográfico é construído pelo homem, à medida que ele organiza a sociedade, sendo o homem desta maneira sujeito construtor do espaço geográfico, homem social e cultural. O saber geográfico é constituído por: percepções; vivências e as memórias dos indivíduos. Estudar Geografia é compreender a sua posição como sujeito no conjunto das relações sociais com a natureza e as relações estabelecidas na construção do espaço geográfico.
O ensino de Geografia é pautado no livro didático e no discurso do professor, explicado de maneira descontextualizada, seguido dos exercícios de memorização, atualmente as práticas pedagógicas buscam apresentar aos educandos os diferentes aspectos de um mesmo fenômeno, possibilitando aos mesmos a compreensão, identificação e reflexão da realidade.
Os PCNs de Geografia indicam aos professores que a observação, experimentação, analogia e síntese possibilitam ao aluno aprender a compreender, explicar e representar os processos de construção dos espaços, paisagens e territórios.
Os conteúdos de História e Geografia objetivam dotar os alunos dos conhecimentos necessários à compreensão e construção de seus espaços, tempo histórico, atuando da melhor maneira como agentes de transformação e ação social. Os conteúdos como visto são escolhidos a partir do tempo histórico, das necessidades sociais de transformação, aplicados de forma descritiva, permanecendo em sua grande maioria pautados nos exercícios de memorização, influenciados pela ideologia dominante com a finalidade de manutenção e preservação da sociedade vigente.



Referência:
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997, p. 19-39  102-119.


Roselaine Monteiro dos Santos.

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