PCNs
História e Geografia
O
conteúdo de História faz parte do currículo desde a constituição do Estado
brasileiro, predominava o ensino da História Civil articulada à História
Sagrada com o intuito de catequizar a população. A partir de 1870 foi criado um
programa curricular de História Profana segundo o método da memorização. Ao
final do século XIX, as novas propostas educacionais afirmavam que a educação
seria a responsável pela transformação do País. A escola elementar seria
responsável pela erradicação do analfabetismo, moralização do povo e integração
do povo estrangeiro à ideologia nacionalista e elitista. A História tinha a
função de modelar o cidadão brasileiro patriótico, a História da Civilização
substituiu a História Universal tendo o Estado como agente condutor da
sociedade ao estado civilizatório. História Nacional, História Pátria e
História da Civilização objetivavam integrar o povo brasileiro à moderna
civilização ocidental.
Os
conteúdos da História Pátria enfatizavam os feitos gloriosos dos vultos
célebres e as tradições do passado. A moral religiosa foi substituída pela
moral cívica com o desenvolvimento de práticas, celebrações e cultos aos
símbolos e datas comemorativas. Em 1930, após criação do Ministério da Educação
e Saúde Pública e Reforma Francisco Campos o ensino de História enfatizava a
História Geral, com a industrialização e a urbanização houve a necessidade de
conhecer a identidade deste povo brasileiro. Apesar do escolanovismo a
metodologia que predominava no ensino de História continuava sendo a
memorização.
Após
a Segunda Guerra Mundial a História foi considerada disciplina de formação para
a paz, passando a Unesco a interferir nas propostas curriculares e nos livros didáticos, pautando a disciplina
em humanismo enfatizando os processos de desenvolvimento econômico das
sociedades e os avanços tecnológicos, científicos e culturais.
A
proposta era substituir as disciplinas de História e Geografia na educação
elementar por Estudos Sociais, com a temática voltada à visão norte-americana
em currículos nos quais predominavam o discurso homogêneo de educação para o
trabalho. No nível secundário foi proposto o estudo influenciado pela
historiografia marxista a História Nova com ênfase nas transformações
econômicas e conflitos entre classes. O ensino primário prevalecia
conhecimentos históricos das festividades cívicas.
A
partir da Lei nº. 5.692/71, no decorrer do período do governo militar foi
implantado os Estudos Sociais, que constituía ao lado da disciplina de Educação
Moral e Cívica os estudos históricos e geográficos centrados em círculos
concêntricos nos quais os estudos deveriam estar vinculados aos estágios de
desenvolvimento psicológico do educando.
No
decorrer do processo de democratização nos anos 80 os currículos passaram a ser
questionado o avanço tecnológico nas comunicações se tornaram canais de
informação e formação cultural, discutia-se o retorno da História e da
Geografia ao currículo, tendo como temáticas questões ligadas à história
cultural, social e o cotidiano, introduzindo a História Crítica com o objetivo
de desenvolver atitudes intelectuais e a desmistificação das ideologias,
possibilitando a análise da sociedade. O ensino de História foi ampliado a
partir da educação infantil e primeiros anos do ensino fundamental, os métodos
e livros tradicionais passaram a ser questionados, estando o ensino de História
em processo de mudança em seu conteúdo e método.
Aproximando
a História das demais ciências sociais em especial a Antropologia ampliou-se os
estudos dos povos de todos os continentes, passou-se a considerar outras fontes
documentais, possibilitando assim outras concepções de tempo, obtendo o ensino
de História uma função relevante na formação do cidadão, nas relações pessoais,
na identidade social.
O
saber histórico escolar e sua relação com o saber histórico compreende a
delimitação de conceitos fundamentais: os fatos históricos que são relacionados
aos eventos, festas cívicas, ações e heróis; os sujeitos históricos,
personagens que desempenham ações de poder e decisões, ou seja, os agentes de
ação social; o tempo histórico pode ser entendido como tempo cronológico, tempo
biológico, tempo psicológico interno dos sujeitos e objeto social construído
pelos povos. Tais conceitos refletem as concepções de como é a História.
De
acordo com os PCNs de História e Geografia, as primeiras tendências de
Geografia no Brasil surgiram com a fundação da Faculdade de Filosofia da
Universidade de São Paulo na década de 40. Seu objetivo era abordar as relações
do homem com a natureza de maneira objetiva, o estudo da relação
homem-natureza, desvinculado da sociedade, foi chamada de Geografia Tradicional
os estudos eram pautados na memorização. No decorrer do período pós-guerrra as
metodologias e teorias da Geografia Tradicional foram insuficientes para a
apreensão das mudanças ocorridas pelo desenvolvimento oriundo do capitalismo.
Nos anos 60 surge a Geografia Marxista, a qual não bastava explicar o mundo,
era preciso transformá-lo, uma Geografia com conteúdos políticos significativos
na formação do cidadão, no entanto as metodologias e livros didáticos
conservavam o ensino tradicional, negligenciando a relação
homem-sociedade-natureza. Segundo os PCNs o ensino de Geografia pode levar o
aluno a compreender a realidade de forma ampla.
A
Geografia é dividida em campos do conhecimento da sociedade e da natureza
proporcionando um aprofundamento temático de seus objetos de estudo, tal
divisão é necessária como recurso didático para distinguir os elementos sociais
ou naturais, no entanto é artificial, pois o objetivo da Geografia é explicar e
compreender as relações entre a sociedade e a natureza, trabalhando as
diferentes noções espaciais, temporais, os fenômenos sociais, culturais e
naturais.
O
espaço geográfico é construído pelo homem, à medida que ele organiza a
sociedade, sendo o homem desta maneira sujeito construtor do espaço geográfico,
homem social e cultural. O saber geográfico é constituído por: percepções;
vivências e as memórias dos indivíduos. Estudar Geografia é compreender a sua
posição como sujeito no conjunto das relações sociais com a natureza e as
relações estabelecidas na construção do espaço geográfico.
O
ensino de Geografia é pautado no livro didático e no discurso do professor,
explicado de maneira descontextualizada, seguido dos exercícios de memorização,
atualmente as práticas pedagógicas buscam apresentar aos educandos os
diferentes aspectos de um mesmo fenômeno, possibilitando aos mesmos a
compreensão, identificação e reflexão da realidade.
Os
PCNs de Geografia indicam aos professores que a observação, experimentação,
analogia e síntese possibilitam ao aluno aprender a compreender, explicar e
representar os processos de construção dos espaços, paisagens e territórios.
Os
conteúdos de História e Geografia objetivam dotar os alunos dos conhecimentos
necessários à compreensão e construção de seus espaços, tempo histórico,
atuando da melhor maneira como agentes de transformação e ação social. Os
conteúdos como visto são escolhidos a partir do tempo histórico, das necessidades
sociais de transformação, aplicados de forma descritiva, permanecendo em sua
grande maioria pautados nos exercícios de memorização, influenciados pela
ideologia dominante com a finalidade de manutenção e preservação da sociedade
vigente.
Referência:
BRASIL.
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: história e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997, p.
19-39 102-119.
Roselaine Monteiro dos Santos.
Nossa esta aula eu gostei muito é muito rica em conhecimentos.
ResponderExcluirMuito boa essa aula.
ResponderExcluirMuito bom! Me ajudou muito, obrigada por compartilhar.
ResponderExcluirGostei do assunto, rico em informações para conheciemnto.
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