quinta-feira, 4 de julho de 2013

Fundamentos Ético-Políticos da Educação no Brasil de Hoje



Fundamentos Ético-Políticos da Educação no Brasil de Hoje
A educação é compreendida como um processo próprio do ser humano que ocorre por meio de reprodução (imitação) em ocasiões informais, na interação social e de maneira formal, intencional e planejada nas escolas e instituições de ensino. A educação, portanto, é um conjunto de signos intencionais apropriados por um processo subjetivo, objetivada por contextos do meio físico e sócio-cultural. Os fundamentos ético-políticos da educação assumem a educação como condição de prática humana intervencionista, intencional, eficiente e histórico-social, constituídas por ações que visem à transformação social. Esta educação como prática histórico-social não se fundamenta no modelo técnico manipulativo, pois tal educação é mediadora da prática produtiva política e cultural da sociedade. O homem é um ser em constante transformação e se constrói por meio da prática, na sua relação com a natureza por meio do trabalho e na relação com seus iguais. O homem como ser subjetivo possui uma moral que avalia suas ações, com valores impostos pelo meio sócio-cultural.
No histórico da educação brasileira apresentado pelo autor nos períodos do Brasil Colônia e Império a educação seguia a concepção escolástica de formação humana, fundamentada no ideário Católico (jesuítas), com fins evangelizadores, reprodutores da ideologia dominante nos moldes europeus. A ética era voltada à moral individual formadora e garantidora da moral coletiva.
Com o capitalismo emerge a burguesia urbano-industrial, com a divisão de classes: burguesia e proletariado, com fortes alterações do perfil político-social do país, a educação tem por finalidade formar trabalhadores para as indústrias e serviços, a nova hegemonia com valores iluministas e liberais, o ideário burguês laico, modernizador fundado na ciência, tendo a educação como meio de propagação da ideologia liberal como universal. Após 1964 a educação é instrumentalista, alicerçada no positivismo e organizada em função do crescimento econômico do país.
Com a ideologia econômica de liberação total das forças de mercado, do livre comércio, estabilização macroeconômica, reformas estruturais e crítica ao Estado do Bem-Estar-Social, surge uma nova reorganização do capitalismo, o Neoliberalismo. No neoliberalismo a orientação do comportamento social perde suas referências ético-políticas, desacreditando a educação, manipulando os valores e critérios, pondo fim as utopias e esperanças de futuro, prevalecendo os critérios de eficiência e produtividade, opressão da vida social e alienação cultural. Atuando através dos meios de comunicação em massa no processo subjetivo do homem, impedindo o exercício de liberdade, fundamentado na desigualdade, exploração, manipulação e na ilusão de felicidade plena.
O conhecimento no neoliberalismo passa a ser produto e não processo, seus ideais educacionais entram em contradição entre a conformação e a alienação cultural dos sujeitos e o incentivo para que os mesmos sejam agentes de transformação cultural.
Como compromisso ético-político da educação o autor concebe que a educação possui a responsabilidade de construir uma nova sociedade, e para que isso ocorra é necessário estabelecer três objetivos e ações: Desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico; Desenvolvimento da sensibilidade ética e estética, a sensibilidade à vida humana; Desenvolvimento da racionalidade filosófica, ou seja, a instauração e consolidação da cidadania. Para Severino (2006) o trabalho degrada o homem, a vida social oprime e a cultura aliena. É preciso que a educação desvende as ideologias de sua intencionalidade, tornando-se assim, força de transformação.
A prática educativa como práxis deve ser um projeto educacional, político da sociedade e dos projetos pessoais dos sujeitos, dessa maneira cabe à escola mediar a efetivação da intencionalidade do projeto educacional, por meio da dimensão política de um projeto social para a emancipação e da ação do educador e de todos os envolvidos no processo educacional.
Severino (2006) conclui que: A prática educativa civilizatória contra a dominação deve apoiar-se no tripé do domínio do saber teórico, na apropriação da técnica e na sensibilidade política das relações sociais.


REFERÊNCIA:
SEVERINO, Antônio Joaquim. Fundamentos ético-políticos da educação no Brasil de hoje. In: Lima, Júlio César França (org.) Fundamentos da educação escolar do Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, EPSJV, 2006, p. 289-320. 

Roselaine Monteiro dos Santos.

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