O meu objetivo com este blog é compartilhar meus trabalhos acadêmicos do curso de Pedagogia.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
quinta-feira, 4 de julho de 2013
A EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE PERANTE AS TRANSFORMAÇÕES TÉCNICO-CIENTÍFICAS, ECONÔMICAS E POLÍTICAS.
A
contemporaneidade está sendo marcada pelas constantes transformações
técnico-científicas, denominadas também de Terceira Revolução Industrial.
Libâneo (2003) afirma que as mudanças econômicas, sociais, políticas, culturais
e educacionais são consequências da grande aceleração das transformações
técnico-científicas.
Ciência
e tecnologia são transformadas em força produtiva, diminuindo o trabalho humano
e modificando as relações sociais. Para Severino (2006) a educação deve ser uma
prática histórico-social, assumida por uma ótica ético-política, um movimento
social marcado por construtividade e historicidade da prática humana,
construída por ações que objetivam promover transformações tanto individuais
quanto sociais. Sendo prática histórico-social, seus fenômenos de natureza
política e educacional não se determinam de maneira técnica e mecânica, ocorrem
no fluxo da construção histórica e, nesse contexto, a prática educativa se
revela como modalidade de trabalho prática e política desse universo simbólico
da existência humana.
A
revolução tecnológica segundo Libâneo (2003) se apoia na tríade revolucionária:
microeletrônica; microbiologia; energia termonuclear. Tal tríade indica os
caminhos do conhecimento e as perspectivas do desenvolvimento da humanidade.
Libâneo (2003) explicita os aspectos das três revoluções industriais ocorridas
na história da humanidade. A primeira revolução ocorreu na segunda metade do
século XVIII, caracterizando com o processo de industrialização e com a substituição
da produção artesanal, provocando a evolução da tecnologia e o aumento da
mercadoria, a ampliação do capital, à divisão de classes, o trabalho
assalariado.
A
segunda revolução aconteceu no século XIX ao surgir à indústria química, o
petróleo e principalmente os meios de transporte e comunicação, modificando o
sistema de produção em massa, implicando no aumento da produção e eliminação de
desperdícios, no controle do tempo dos trabalhadores, a fragmentação e
individualização de tarefas, intensificando a técnica e padronização.
Já
na terceira revolução, denominada como científica iniciada no século XX,
pautada na microeletrônica, na robótica, informática, produção de sintético,
fibras óticas e chips, um grande avanço e aperfeiçoamento dos meios de
comunicação. A revolução da microbiologia, o conhecimento genético dos seres
vivos permitiu a produção de plantas e aperfeiçoamento na produção de animais
para combater a fome, a luta pela cura e eliminação das doenças e, em outros
aspectos ocorre o risco frequente da produção artificial de seres humanos, a
criação de vírus artificiais e a ameaça de guerras bacteriológicas. A
microeletrônica, o uso pessoal de objetos facilitadores e modificadores de
hábitos da vida cotidiana, em especial o computador. A revolução informacional,
o mundo interconectado a modificação de hábitos, cultura, necessidades sociais,
a intensificação da individualização.
Para
Severino (2006) o homem está em constante transformação, ele constrói com sua
prática, com seu modo de ser, se relacionando com a natureza por meio do
trabalho, com seus iguais nos processos sociais, com sua subjetividade por meio
da vivência cultural simbólica em uma prática intencional e subjetiva. É o
conhecimento que possibilita ao homem sua existência histórica, adquirido de
forma intencional, planejada e formal na escola, e de maneira informal nas
relações sociais. A educação na perspectiva de Severino (2006) é um instrumento
de formação e vivência de conceitos e valores, além de ser ferramenta de
preparação para o trabalho, uma vez que o conhecimento é que direciona as
referências necessárias para a prática produtiva, para a política e para a
prática cultural.
O
praticar humano não é mecânico e transitivo, como ocorre com os outros seres
naturais, é sim uma ação que se reveste de intencionalidade e com sentido
vinculado a objetivos e fins historicamente apresentados, o que implica além de
uma referência cognitiva, um referencial valorativo subjetivo, daí a
indispensabilidade do referencial ético do agir e do relacionamento explícito
entre ética e educação.
Nessa
esfera subjetiva, o homem possui uma moral que o possibilita conviver em
sociedade, direciona suas ações, delimita o que é certo e o que é errado, são
valores que pontuam a seu agir, sendo alguns impostos pelo seu meio
sócio-cultural. Ao optar por alternativas utilizando sua consciência o homem
representa o seu meio mediante a formação de conceitos, que por sua vez são
objetos de estudo da ética. Porém como determinar a importância destes valores
e como embasar o referencial valorativo da consciência moral? O próprio homem é
o valor em sua condição primária de existência, ou seja, sua historicidade,
incompletude, corporeidade e finitude, portanto o master dos valores morais é o
valor da dignidade da existência humana, é pela qualidade deste existir que se
pode traçar o quadro referencial valorativo que defina o sentido do agir social
de cada indivíduo.
Para
Coêlho (2006) são consentidas em plano subsidiário e inferior as atividades de
ensino e análise que, nos diversos campos do saber e do procedimento humano,
não visam o prático, o utilitário, a solução de problemas específicos,
sobretudo das humanidades ao que se refere da existência humana e de suas
criações, no plano dos indivíduos, da sociedade. Ressalta também que, a
universidade tem se afastado da busca de seu ser e manifesto pouco mérito em
perguntar por sua natureza, ou seja, os saberes práticos produzidos, vão em
prol a objetivos imediatos do Estado, das empresas e de grupos.
Ao
refletirmos sobre as considerações de Libâneo (2003) e Severino (2006) acerca
da educação escolar na contemporaneidade podemos observar que os dois autores
abordam a questão das transformações sociais ligadas também a uma transformação
na subjetividade humana. Ou seja, para os mesmos é preciso ter a compreensão de
que o agir humano é transformado e transforma as relações em um processo
histórico social, cultural e político.
As transformações
técnico-científicas ocasionam uma reviravolta na vida do trabalhador em
sociedade, uma vez que, assumem o papel de força produtiva ocasionando uma
diminuição do trabalho humano. Esta realidade força os indivíduos a se
submeterem a uma corrida por formação técnica e geral, que por sua vez, incha o
mercado com profissionais em determinadas áreas consideradas mais acessíveis ao
mercado de trabalho, ocasionando um processo de competitividade, em que, a
exigência de ser o melhor é cada vez mais severa.
A competitividade que permeia as
relações educacionais e trabalhistas está diretamente ligada ao que Severino
(2006) pontua como uma “exacerbada valorização de uma suposta autonomia e suficiência
do sujeito individual” (p.305). Ou seja, o sujeito é forçado, pela lógica do
mercado, a acreditar que seu esforço pessoal para ser o melhor é passaporte
para o sucesso nas relações sociais.
Para
Coêlho (2006) a universidade tem se preocupado em ser espaço de
profissionalização dos alunos para a incubação no mercado de trabalho, o mundo
da produção, dos serviços e do consumo, ou seja, formar funcionários para o
Estado. Uma vez que, privilegiar esta profissionalização dos alunos no ensino
superior é receber os objetivos dos mecanismos internacionais na área da
educação, que está constituído no mundo da produção e do trabalho. Sendo assim,
assume a lógica da competitividade, nas demandas imediatas e favoráveis, no
aprender a fazer, a operar a natureza e a sociedade, negando no próprio ser,
sua identidade, seu caráter ético, transformando pessoa em coisa. Em vez de
centrar-se na formação de seres humanos que reflitam a realidade e a recriem em
geral, a formação profissional não vai além da preparação de especialista, de
técnicos para o caráter mercadológico.
É em relação a esse apelo social, de
sujeitos bem preparados para o mercado capitalista, que a educação se vê
sobrecarregada por uma exigência de eficiência que, impulsiona uma corrida de
gestores, professores, pais e alunos, por uma preparação para processos avaliativos
e seletivos que, cada vez mais passam a ser o foco do ensino tanto na esfera
privada quanto na pública. Nesta perspectiva, o desenvolvimento da
sensibilidade ética e estética fica prejudicado.
Compartilhando da ideia de Severino
(2006) fica evidente que o sentido da existência humana, frente às
transformações no seio da sociedade, fica ofuscado pela ideologia dominante. A
ética, frente a esta realidade, entra em crise dada a inversão de valores que o
modelo capitalista imprime à subjetividade humana. Severino (2006) enfatiza que a educação só se
legitima quando há um investimento para a construção da cidadania, que pode ser
compreendida como melhores condições de trabalho, da sociabilidade e da
cultura.
A educação deve sim superar o
amadorismo e preparar para a nova realidade social, política e econômica. No
entanto, deve pautar-se na busca da construção de uma sociedade mais justa, em
que o respeito à cidadania e os valores morais façam parte dos objetivos
educacionais. Neste contexto, Coêlho (2006) afirma que, não é fácil pensar e
lutar para criar uma nova sociedade e outra educação, visto que a corrupção, a
prepotência e o desrespeito ao direito e a tudo o que é público, e constitutivo
da existência coletiva permeiam a vida social, os poderes da República, em
nível Municipal, Estadual e Federal.
REFERÊNCIAS:
GUIMARÃES, Valter Soares (orgs.). Formar para o mercado ou para a autonomia?:
O papel da universidade. Campinas, SP: Papirus, 2006, p. 43-63.
LIBÂNEO, José Carlos;
OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estruturação e organização. São Paulo:
Cortez, 2003, p. 59-70.
SEVERINO, Antônio
Joaquim. Fundamentos ético-políticos da educação no Brasil de hoje. In: Lima,
Júlio César França (org.) Fundamentos da
educação escolar do Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz,
EPSJV, 2006, p. 291-195.
Roselaine Monteiro dos Santos.
PCNs História e Geografia
PCNs
História e Geografia
O
conteúdo de História faz parte do currículo desde a constituição do Estado
brasileiro, predominava o ensino da História Civil articulada à História
Sagrada com o intuito de catequizar a população. A partir de 1870 foi criado um
programa curricular de História Profana segundo o método da memorização. Ao
final do século XIX, as novas propostas educacionais afirmavam que a educação
seria a responsável pela transformação do País. A escola elementar seria
responsável pela erradicação do analfabetismo, moralização do povo e integração
do povo estrangeiro à ideologia nacionalista e elitista. A História tinha a
função de modelar o cidadão brasileiro patriótico, a História da Civilização
substituiu a História Universal tendo o Estado como agente condutor da
sociedade ao estado civilizatório. História Nacional, História Pátria e
História da Civilização objetivavam integrar o povo brasileiro à moderna
civilização ocidental.
Os
conteúdos da História Pátria enfatizavam os feitos gloriosos dos vultos
célebres e as tradições do passado. A moral religiosa foi substituída pela
moral cívica com o desenvolvimento de práticas, celebrações e cultos aos
símbolos e datas comemorativas. Em 1930, após criação do Ministério da Educação
e Saúde Pública e Reforma Francisco Campos o ensino de História enfatizava a
História Geral, com a industrialização e a urbanização houve a necessidade de
conhecer a identidade deste povo brasileiro. Apesar do escolanovismo a
metodologia que predominava no ensino de História continuava sendo a
memorização.
Após
a Segunda Guerra Mundial a História foi considerada disciplina de formação para
a paz, passando a Unesco a interferir nas propostas curriculares e nos livros didáticos, pautando a disciplina
em humanismo enfatizando os processos de desenvolvimento econômico das
sociedades e os avanços tecnológicos, científicos e culturais.
A
proposta era substituir as disciplinas de História e Geografia na educação
elementar por Estudos Sociais, com a temática voltada à visão norte-americana
em currículos nos quais predominavam o discurso homogêneo de educação para o
trabalho. No nível secundário foi proposto o estudo influenciado pela
historiografia marxista a História Nova com ênfase nas transformações
econômicas e conflitos entre classes. O ensino primário prevalecia
conhecimentos históricos das festividades cívicas.
A
partir da Lei nº. 5.692/71, no decorrer do período do governo militar foi
implantado os Estudos Sociais, que constituía ao lado da disciplina de Educação
Moral e Cívica os estudos históricos e geográficos centrados em círculos
concêntricos nos quais os estudos deveriam estar vinculados aos estágios de
desenvolvimento psicológico do educando.
No
decorrer do processo de democratização nos anos 80 os currículos passaram a ser
questionado o avanço tecnológico nas comunicações se tornaram canais de
informação e formação cultural, discutia-se o retorno da História e da
Geografia ao currículo, tendo como temáticas questões ligadas à história
cultural, social e o cotidiano, introduzindo a História Crítica com o objetivo
de desenvolver atitudes intelectuais e a desmistificação das ideologias,
possibilitando a análise da sociedade. O ensino de História foi ampliado a
partir da educação infantil e primeiros anos do ensino fundamental, os métodos
e livros tradicionais passaram a ser questionados, estando o ensino de História
em processo de mudança em seu conteúdo e método.
Aproximando
a História das demais ciências sociais em especial a Antropologia ampliou-se os
estudos dos povos de todos os continentes, passou-se a considerar outras fontes
documentais, possibilitando assim outras concepções de tempo, obtendo o ensino
de História uma função relevante na formação do cidadão, nas relações pessoais,
na identidade social.
O
saber histórico escolar e sua relação com o saber histórico compreende a
delimitação de conceitos fundamentais: os fatos históricos que são relacionados
aos eventos, festas cívicas, ações e heróis; os sujeitos históricos,
personagens que desempenham ações de poder e decisões, ou seja, os agentes de
ação social; o tempo histórico pode ser entendido como tempo cronológico, tempo
biológico, tempo psicológico interno dos sujeitos e objeto social construído
pelos povos. Tais conceitos refletem as concepções de como é a História.
De
acordo com os PCNs de História e Geografia, as primeiras tendências de
Geografia no Brasil surgiram com a fundação da Faculdade de Filosofia da
Universidade de São Paulo na década de 40. Seu objetivo era abordar as relações
do homem com a natureza de maneira objetiva, o estudo da relação
homem-natureza, desvinculado da sociedade, foi chamada de Geografia Tradicional
os estudos eram pautados na memorização. No decorrer do período pós-guerrra as
metodologias e teorias da Geografia Tradicional foram insuficientes para a
apreensão das mudanças ocorridas pelo desenvolvimento oriundo do capitalismo.
Nos anos 60 surge a Geografia Marxista, a qual não bastava explicar o mundo,
era preciso transformá-lo, uma Geografia com conteúdos políticos significativos
na formação do cidadão, no entanto as metodologias e livros didáticos
conservavam o ensino tradicional, negligenciando a relação
homem-sociedade-natureza. Segundo os PCNs o ensino de Geografia pode levar o
aluno a compreender a realidade de forma ampla.
A
Geografia é dividida em campos do conhecimento da sociedade e da natureza
proporcionando um aprofundamento temático de seus objetos de estudo, tal
divisão é necessária como recurso didático para distinguir os elementos sociais
ou naturais, no entanto é artificial, pois o objetivo da Geografia é explicar e
compreender as relações entre a sociedade e a natureza, trabalhando as
diferentes noções espaciais, temporais, os fenômenos sociais, culturais e
naturais.
O
espaço geográfico é construído pelo homem, à medida que ele organiza a
sociedade, sendo o homem desta maneira sujeito construtor do espaço geográfico,
homem social e cultural. O saber geográfico é constituído por: percepções;
vivências e as memórias dos indivíduos. Estudar Geografia é compreender a sua
posição como sujeito no conjunto das relações sociais com a natureza e as
relações estabelecidas na construção do espaço geográfico.
O
ensino de Geografia é pautado no livro didático e no discurso do professor,
explicado de maneira descontextualizada, seguido dos exercícios de memorização,
atualmente as práticas pedagógicas buscam apresentar aos educandos os
diferentes aspectos de um mesmo fenômeno, possibilitando aos mesmos a
compreensão, identificação e reflexão da realidade.
Os
PCNs de Geografia indicam aos professores que a observação, experimentação,
analogia e síntese possibilitam ao aluno aprender a compreender, explicar e
representar os processos de construção dos espaços, paisagens e territórios.
Os
conteúdos de História e Geografia objetivam dotar os alunos dos conhecimentos
necessários à compreensão e construção de seus espaços, tempo histórico,
atuando da melhor maneira como agentes de transformação e ação social. Os
conteúdos como visto são escolhidos a partir do tempo histórico, das necessidades
sociais de transformação, aplicados de forma descritiva, permanecendo em sua
grande maioria pautados nos exercícios de memorização, influenciados pela
ideologia dominante com a finalidade de manutenção e preservação da sociedade
vigente.
Referência:
BRASIL.
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: história e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997, p.
19-39 102-119.
Roselaine Monteiro dos Santos.
Fundamentos Ético-Políticos da Educação no Brasil de Hoje
Fundamentos
Ético-Políticos da Educação no Brasil de Hoje
A
educação é compreendida como um processo próprio do ser humano que ocorre por
meio de reprodução (imitação) em ocasiões informais, na interação social e de
maneira formal, intencional e planejada nas escolas e instituições de ensino. A
educação, portanto, é um conjunto de signos intencionais apropriados por um
processo subjetivo, objetivada por contextos do meio físico e sócio-cultural.
Os fundamentos ético-políticos da educação assumem a educação como condição de
prática humana intervencionista, intencional, eficiente e histórico-social,
constituídas por ações que visem à transformação social. Esta educação como
prática histórico-social não se fundamenta no modelo técnico manipulativo, pois
tal educação é mediadora da prática produtiva política e cultural da sociedade.
O homem é um ser em constante transformação e se constrói por meio da prática,
na sua relação com a natureza por meio do trabalho e na relação com seus
iguais. O homem como ser subjetivo possui uma moral que avalia suas ações, com
valores impostos pelo meio sócio-cultural.
No
histórico da educação brasileira apresentado pelo autor nos períodos do Brasil
Colônia e Império a educação seguia a concepção escolástica de formação humana,
fundamentada no ideário Católico (jesuítas), com fins evangelizadores,
reprodutores da ideologia dominante nos moldes europeus. A ética era voltada à
moral individual formadora e garantidora da moral coletiva.
Com
o capitalismo emerge a burguesia urbano-industrial, com a divisão de classes:
burguesia e proletariado, com fortes alterações do perfil político-social do
país, a educação tem por finalidade formar trabalhadores para as indústrias e
serviços, a nova hegemonia com valores iluministas e liberais, o ideário
burguês laico, modernizador fundado na ciência, tendo a educação como meio de
propagação da ideologia liberal como universal. Após 1964 a educação é
instrumentalista, alicerçada no positivismo e organizada em função do
crescimento econômico do país.
Com
a ideologia econômica de liberação total das forças de mercado, do livre
comércio, estabilização macroeconômica, reformas estruturais e crítica ao
Estado do Bem-Estar-Social, surge uma nova reorganização do capitalismo, o
Neoliberalismo. No neoliberalismo a orientação do comportamento social perde
suas referências ético-políticas, desacreditando a educação, manipulando os
valores e critérios, pondo fim as utopias e esperanças de futuro, prevalecendo
os critérios de eficiência e produtividade, opressão da vida social e alienação
cultural. Atuando através dos meios de comunicação em massa no processo
subjetivo do homem, impedindo o exercício de liberdade, fundamentado na
desigualdade, exploração, manipulação e na ilusão de felicidade plena.
O
conhecimento no neoliberalismo passa a ser produto e não processo, seus ideais
educacionais entram em contradição entre a conformação e a alienação cultural
dos sujeitos e o incentivo para que os mesmos sejam agentes de transformação
cultural.
Como
compromisso ético-político da educação o autor concebe que a educação possui a
responsabilidade de construir uma nova sociedade, e para que isso ocorra é
necessário estabelecer três objetivos e ações: Desenvolvimento do conhecimento
científico e tecnológico; Desenvolvimento da sensibilidade ética e estética, a
sensibilidade à vida humana; Desenvolvimento da racionalidade filosófica, ou
seja, a instauração e consolidação da cidadania. Para Severino (2006) o
trabalho degrada o homem, a vida social oprime e a cultura aliena. É preciso
que a educação desvende as ideologias de sua intencionalidade, tornando-se
assim, força de transformação.
A
prática educativa como práxis deve ser um projeto educacional, político da
sociedade e dos projetos pessoais dos sujeitos, dessa maneira cabe à escola
mediar a efetivação da intencionalidade do projeto educacional, por meio da
dimensão política de um projeto social para a emancipação e da ação do educador
e de todos os envolvidos no processo educacional.
Severino
(2006) conclui que: A prática educativa civilizatória contra a dominação deve
apoiar-se no tripé do domínio do saber teórico, na apropriação da técnica e na
sensibilidade política das relações sociais.
REFERÊNCIA:
SEVERINO,
Antônio Joaquim. Fundamentos ético-políticos da educação no Brasil de hoje. In:
Lima, Júlio César França (org.) Fundamentos
da educação escolar do Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Editora
Fiocruz, EPSJV, 2006, p. 289-320.
Roselaine Monteiro dos Santos.
EDUCAÇÃO E TRABALHO
Educação
e Trabalho: Considerando o contexto histórico e social da modernidade, a partir
do século XIX, qual a relação existente entre essas categorias?
Objetivando
estabelecer uma relação entre educação e trabalho Mascarenhas (2005) compreende
que, o que tem ocorrido no sistema educacional é a submissão do mesmo à lógica
do mercado capitalista. Os sistemas educacionais são organizados e moldados em seus
princípios e objetivos pautados nos modelos de produção industrial, atuando
desta maneira na formação de pessoas que estejam aptas ao mercado de trabalho e
ao mercado consumidor.
Segundo
Santomé (1998) entre 1856 e 1915 Frederick Taylor criou um conjunto de medidas
com o intuito de economizar o tempo gasto pelos trabalhadores na produção, aumentando
a produtividade e reduzindo a autonomia dos trabalhadores, por meio da
racionalização e divisão do trabalho, e do treino do trabalhador em uma única
função. Em 1913, Henry Ford organizou em
sua fábrica de automóveis a linha de montagem, produção em série, a montagem e
seu ritmo eram controlados pela velocidade da esteira, sendo o trabalho
fracionado e o trabalhador treinado para uma função determinada. Neste período,
a educação pautava seus ensinamentos na técnica industrial com o objetivo de
preparar os indivíduos para esse tipo de trabalho.
Em
decorrência da crise capitalista em 1929, John Mayanard Keynes defendeu a
intervenção do Estado nas empresas privadas, investindo recursos públicos para
recuperar as mesmas da crise, salvando o emprego dos trabalhadores e garantindo
certa estabilidade econômica. O mais recente modelo de produção era o da fábrica
japonesa Toyota, que surge como alternativa para a crise do sistema
Taylorista-Fordista, que teve como consequência a grande quantidade de peças
defeituosas e de baixa qualidade. O toyotismo é baseado em uma produção
polivalente e flexível, com os trabalhadores, atuando em todos os setores de
trabalho, em equipe. Em consequência deste modo de produção a educação se
destacou pelo discurso de autonomia do aluno, da escola, na flexibilidade,
estratégias, destrezas e saberes voltados à formação e preparação de
competências, habilidades e técnicas para o trabalho fabril.
Segundo
Cleide Rodrigues e Dulce Almeida no decorrer do tempo a educação tem se
submetido a formar pessoas com destrezas e capacidades que atendam aos modelos
de produção industrial e à ideologia política baseado no capital econômico. No
Brasil, entre 1889 a 1937, em decorrência da industrialização o sistema
educacional era utilizado como instrumento de preparação dos trabalhadores para
o ofício nas indústrias, predominando o ensino primário
técnico-profissionalizante. Na sociedade existia o êxodo rural e o trabalho era
voltado à técnica empregada na produção industrial.
Nos
períodos de 1937 a 1979 a educação era voltada ao ensino profissionalizante
para as camadas populares com a difusão da ideologia dominante por meio das
disciplinas cívicas, cujo objetivo era a conservação do sistema capitalista e o
predomínio do trabalho industrial. De 1979 a 1990 inicia-se a busca por
educação de qualidade, ou seja, uma educação crítica para uma possível
transformação social, o trabalho e a economia perpassava por um período de
crise, dívidas, inflação e desemprego.
No
final do século XX e início do século XXI a educação passa por uma
reorganização que traz a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, com várias
siglas e projetos, dentre eles: Educação Infantil; Educação de Jovens e Adultos;
Inclusão; Educação a Distância; Programa Universidade para Todos; Exame
Nacional de Desenvolvimento do Estudante; Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica; Projeto Político Pedagógico; Exame Nacional do Ensino Médio; Tecnologias
da Informação e Comunicação; Ciclos de Formação Humana; Gestão Democrática;
Formação Continuada; Interdisciplinaridade e Sócio-construtivismo. No trabalho
a amplitude de serviços voltados às tecnologias da informação e comunicação.
Assim, a escola como retrata Tonucci (1997),
na ilustração “A grande máquina escolar” é transfigurada em uma máquina, que
introduz os conhecimentos necessários no sujeito com o objetivo de formar trabalhadores
aptos a atuarem no mercado de produção capitalista, garantindo assim, o pleno
funcionamento da sociedade capitalista. Em um processo seletivo, pois seleciona
os homens pelas destrezas apreendidas durante sua escolarização, e excludente
ao passo que exclui do mercado de trabalho competitivo aqueles que não conseguiram
apreender os saberes necessários para tal competitividade. Assim, o produto
final desta formação escolar é um contingente de indivíduos igualmente
qualificados ao trabalho e à manutenção das desigualdades de classes
características deste sistema.
Segundo
Mascarenhas (2005), na concepção marxiana, trabalho é ação produtora “... ação
criadora por meio da qual o homem estabelece relações com a natureza e com os
outros homens” (p. 162): Sendo, portanto, elemento responsável para a
sociabilidade, é por meio da educação e do trabalho que o homem se torna homem.
Para Paro (1999) o homem se faz pelo trabalho e pela sua divisão social, que o
coloca em contato com os outros componentes da sociedade, no entanto neste
modelo de produção vigente, o trabalho é alienado, pois seu produto pertence ao
outro, ao dono dos meios de produção, ficando o trabalhador subordinado às
regras preestabelecidas pelo mercado. Sua estrutura principal é a exploração do
homem pelo homem, pois ao vender sua força de trabalho, ao não ser o dono das
ferramentas do seu trabalho, nem tampouco ser possuidor do produto de seu
trabalho, o homem se torna uma mercadoria na mão do outro. “Essa separação
entre o trabalhador e o produto de seu trabalho, provoca uma cisão no próprio
homem pois, como vimos, o que ele produz constitui parte de sua humanidade...”
(PARO, 1999, p.19).
Comumente
pensa-se que a educação ocorre de maneira natural, no entanto a mesma trata-se
de uma “criação humana” cujo objetivo é superar a diferença entre nosso
conhecimento natural, “... o que conhecemos ao nascer” (PARO, 1999, p. 21) e o
saber produzido pela humanidade desde sua gênese. A educação é a responsável
por tornar possível ao indivíduo apropriar-se deste saber histórico produzido
pela humanidade com o objetivo de “... prover os indivíduos de elementos
culturais necessários para viver na sociedade a que pertence” (PARO, 1999,
p.21).
A
escola assume duas responsabilidades sociais, a atualização histórica do
indivíduo, sua formação cidadã e a preparação do mesmo para atuar de maneira
satisfatória, atendendo às exigências do mundo do trabalho. Um trabalho, sem o
qual o homem não sobrevive, uma sobrevivência que o torna explorado, submetido
ao interesse de poucos. Diante desses aspectos, a principal preocupação do
homem submetido ao mercado capitalista, é de estar preparado e apto a atuar no
mercado de trabalho. Preparação esta que é imposta pelo sistema com o apoio da
escola que se submete aos ordenamentos da estrutura social.
Referências:
MASCARENHAS,
Angela Bélem (org.). Educação e Trabalho
na Sociedade Capitalista: reprodução e contraposição. Goiânia: Editora da
UCG, 2005, p. 161-163.
PARO,
Vitor Henrique. Parem de preparar para o trabalho!!! Reflexões acerca dos
efeitos do neoliberalismo sobre gestão e o papel da escola básica. In:
FERRETTI, Celso João et alii; orgs. Trabalho,
formação e currículo: para onde vai a escola. São Paulo, Xamã, 1999. p.
101-120.
SANTOMÉ,
Jurjo Torres. Globalização e
Interdisciplinaridade. O Currículo Integrado. Porto Alegre, RS: Artes
Médicas, 1998, p. 8-12.
TONUCCI,
Francesco. Com os olhos de criança.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p. 100-101.
Roselaine Monteiro dos Santos.
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