IMBERNÓN, Francisco. (org.). A
educação no século XXI: os
desafios do futuro imediato. Trad. Ernani Rosa. 2ª. ed. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. p. 37-61.
A educação que temos, a educação
que queremos
José
Gimeno Sacristán
Elucida que, para se planejar o futuro
é preciso entender os acontecimentos do passado e do presente. A
educação em sua visão utópica é uma projeção para o futuro,
que se alimenta da cultura e a reproduz, objetivando a melhoria das
sociedades. O pensamento iluminista dos séculos XIX e XX, vislumbrou
a educação para todos de caráter obrigatório e gratuito, que
segundo Kant, define o sujeito como cidadão: civilizado, cultivado,
disciplinado e moralizado. O cultivo da racionalidade como base para
o progresso social. Divide em três os níveis de ação da educação
escolar na formação do cidadão: a percepção das subjetividades
individuais- a educação oferece ao sujeito respostas as indagações
pertinentes ao “ser e se perceber”, sua identidade pessoal; a
educação como um critério de ordenação social- que assemelha e
diferencia os sujeitos; a estruturação social- a diferença entre
classes, distribuição de renda e a participação política. A
partir de tais reflexões do passado, projeta propostas para o futuro
educacional. Destacando a leitura e a escrita como construtoras do
sujeito e reconstrutoras da cultura, tendo a alfabetização como
instrumento que possibilita a posse do conhecimento, considerando a
leitura capacitante do pensamento abstrato, crítico, reflexivo e
autônomo e a escrita um estabelecimento à reflexão interior. A
educação necessita da memória e do acervo cultural acumulado pelas
sociedades, é por meio desses saberes herdados, ciência,
tecnologia, artes, literatura, e outros, que a educação ganha
sentido. A educação deve proporcionar ao sujeito a leitura do
presente, da realidade que o circunda, dos significados a da
compreensão do mundo, que torne possível consertar o obtido e
melhorá-lo, valorizando o diálogo e as diferentes opiniões, a
partir das primeiras experiências de aprendizagem, da valorização
da expressão e da autonomia dos sujeitos, de diálogos e confrontos
de argumentos sem restrições, a aprendizagem pautada na
participação. Programas que só podem ser desenvolvidos por
instituições e agentes especializados, escolas e professores. A
educação como direito de todos, só é possível com a educação
pública, em instituições suficientes em quantidade e em qualidade,
que possam garantir a igualdade e a solidariedade. Analisa as
condições e valores da educação na modernidade, uma educação
cansada, sem utopias e ideais futuros. Isso acontece, devido ao
descredito dos sujeitos quanto a educação que não cumpriu a
promessa de possibilitar a mobilidade social, impôs uma cultura
única, ignorando as realidades que a cercam e segundo Marx
reproduzindo os meios de controle das classes dominantes. Questiona
os leitores quanto ao que se pode fazer. Elaborar um novo projeto
para a educação, ou manter o já existente? Conclui que o problema
está no não cumprimento adequado do projeto iluminista.
Roselaine Monteiro dos Santos.
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